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Vertical Grounds

Cortiça dá vida a jardins verticais sustentáveis

Entrevista com Mac Van Dam, autor do projeto “Vertical Grounds”

A cortiça é protagonista do projeto “Vertical Grounds”, apresentado por Mac Van Dam, na Trienal de Arquitectura de Lisboa 2022. Uma instalação composta por grandes estruturas orgânicas, em que a cor escura da cortiça aglomerada expandida contrasta com o verde das plantas naturais, e que pretende ser uma alternativa ecológica aos sistemas convencionais de jardins verticais.

De passagem por Portugal, o designer canadiano visitou as nossas instalações e falou-nos um pouco mais sobre a sua obra, que contou com o apoio técnico do ACC Design Studio e da Amorim Cork Insulation.

  • Pode contar-nos um pouco sobre qual foi o processo de criação da sua obra “Vertical Grounds”?

    “Vertical Grounds” é um projeto contínuo de conceção e investigação, que procura alternativas ecológicas aos sistemas convencionais de jardins verticais.

     

    Após uma pesquisa intensiva, apercebi-me que os atuais greenwalls (jardins verticais) possuem dois grandes problemas que os impedem de se tornarem ecológicos e contribuirem para cidades mais sustentáveis. Em primeiro lugar, estes sistemas recorrem ao uso de materiais sintéticos para criar as suas estruturas. Em segundo, alguns destes jardins não têm espaço suficiente para o desenvolvimento das raízes das plantas, impedindo que cresçam de forma resistente e saudável.

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Para os “Vertical Grounds” que apresenta na Trienal de Arquitectura de Lisboa 2022, recorreu ao uso da cortiça. Porque escolheu trabalhar com esta matéria-prima e como a aplicou?

A cortiça e a sua molécula primária – a suberina – funcionam como uma barreira ecológica protetora das raízes e de outros sistemas vasculares. A cortiça é um material natural antimicrobiano e hidrofóbico, ideal para substituir o uso de materiais sintéticos nos sistemas de greenwall.

Depois de experimentar a cortiça pela primeira vez, desenvolvi um processo de fabrico de jardins verticais em circuito fechado. Após a fresagem CNC para criar as formas ocas de cortiça, os pós de cortiça resultantes foram recolhidos e agregados numa pasta à base de suberina, sem recurso a quaisquer aglutinantes sintéticos. Por fim, através de um processo robótico de adição, esta pasta foi extrudida com o objetivo de reforçar a integridade estrutural dos componentes resultantes da fresagem CNC.

“Sem a Amorim, este projeto não teria sido possível.”

O designer canadiano Mac Van Dam contou com o acompanhamento técnico do ACC Design Studio, utilizando como matéria-prima a cortiça proveniente da Amorim Cork Insulation para a sua obra “Vertical Grounds”

Pelas suas características naturais, a cortiça é um material cada vez mais escolhido por arquitetos e designers nos seus projetos. Na sua opinião, a sustentabilidade deve ter um papel fundamental em projetos arquitetónicos?

À medida que as cidades crescem, a perda de biodiversidade aumenta. Enquanto arquiteto e designer, sinto que é fundamental contrariar esta tendência, reintroduzindo organismos vivos, como plantas, em espaços urbanos e incorporando-os na nossa arquitetura. Estes organismos são capazes de capturar carbono e poluentes presentes no ar, enquanto criam microclimas para outros seres vivos, como aves, abelhas, entre outros.

Além disso, estudos indicam que a população prefere ambientes com biodiversidade visível. À medida que a digitalização continua a crescer e a tornar-se uma presença assídua na nossa vida, é essencial criar espaços e objetos que liguem as pessoas à natureza. A obra “Vertical Grounds” dá resposta a estes problemas, albergando diferentes espécies de biodiversidade em si.

O que o fez escolher a Amorim? Conte-nos um pouco sobre a forma como a nossa equipa ajudou na conclusão deste projeto.

Este projeto começou quando frequentei um workshop no Domain de Boisbuchet, em França, dado pela responsável do ACC Design Studio da Amorim Cork Composites, a designer industrial Raquel Laranjeira. Foi aqui que surgiu a possibilidade de trabalhar com cortiça para o biodesign, e criamos uma forte relação.

Sem a Amorim, este projeto não teria sido possível. O conhecimento que a empresa tem sobre a comunidade e o interesse em trabalhar com designers experimentais criou um resultado único e poderoso, que se concretiza nos “Vertical Grounds”.

Sobre Mac Van Dam

Mac Van Dam é um designer interdisciplinar que trabalha entre Londres e Toronto. Estudou Design Bio-integrado na Escola de Arquitectura Bartlett, da Universidade de Londres e foi membro de investigação no Grupo de Sistemas de Arquitectura Viva da Universidade de Waterloo, no Canadá. Integrou exposições na Bienal de Veneza, Trienal de Lisboa e trabalhou com várias marcas e artistas.


www.macvandam.com

Sobre a Trienal de Arquitectura de Lisboa

A Trienal de Arquitectura de Lisboa é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é investigar, dinamizar e promover o pensamento e a prática em arquitetura. Organiza várias iniciativas e a cada três anos promove um fórum de debate, reflexão e divulgação que cruza fronteiras disciplinares e geográficas.


www.trienaldelisboa.com

 

Créditos de imagens: Fotógrafo Manuel Casanova

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