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Esperamos que a médio prazo o setor da energia..

“Esperamos que o setor da energia se transforme num dos principais pilares de crescimento da Amorim”

Entrevista com Carlos Duarte, Diretor Executivo da Amorim Cork Composites Blog

A cortiça é um material há muito utilizado no mercado energético, mas o seu potencial está ainda longe de ser atingido. Da energia solar à mobilidade elétrica, a ambição passa por, a médio prazo, fazer deste setor um dos principais pilares de crescimento da Amorim. Na semana em que se assinala mais um Dia Nacional da Energia, conversámos com Carlos Duarte, Diretor Executivo da Amorim Cork Composites e responsável pela área de Strategic Partnerships & Aliances. Apaixonado por cortiça e por desafios, integra a equipa de Business Development, que lidera o projeto da Amorim Cork Composites para conquistar o setor.

"A cortiça para além de cumprir com todos os requisitos técnicos das diversas aplicações, permite também contribuir para um melhor balanço carbónico dos sistemas onde é aplicada."

Carlos Duarte

Que características tornam a cortiça num material com enorme potencial de aplicação no setor de energia?

Para aplicação no setor da energia, as principais características da cortiça que podemos destacar são a sua contribuição negativa em termos de CO2, a resistência a temperaturas extremas, a compatibilidade química e baixa condutibilidade térmica, a sua resiliência e as suas propriedades de amortecimento.

 

Trata-se de um material que já é usado há muito tempo no setor, correto? É possível dar alguns exemplos do tipo de aplicações?

Sim. A cortiça já é utilizada no setor da Energia há imenso tempo, nomeadamente na área de T&D Transmissão e Distribuição (Transformadores de Potência ou de Distribuição). A sua utilização reflete-se como elemento de selagem, onde misturas únicas de cortiça e borracha selecionadas resultam em materiais indicados para aplicações de vedação plana que, devido a uma reduzida expansão lateral, permitem maiores áreas de contacto e coeficientes de compressão mais elevados, garantindo uma barreira de vedação eficaz contra potenciais imperfeições da superfície da flange, distorções e pontos de fuga. É ainda utilizada como elemento de amortecimento de vibrações, utilizando materiais elastoméricos à base de cortiça com borracha, especialmente desenvolvidos para melhorar a dissipação de energia e o isolamento, reduzindo o ruído aéreo de origem estrutural do equipamento elétrico. Estas soluções têm como particularidade a possibilidade de serem usados tanto no exterior do transformador podendo estar exposto a intempéries, sem alteração de propriedades, como no interior dos transformadores em contacto com diferentes óleos utilizados nesta indústria.

 

A cortiça foi utilizada como núcleo em aplicações de pás eólicas, tanto residenciais como comerciais, dadas as suas características térmicas e mecânicas, permitindo um melhor desempenho em termos de amortecimento de vibração estrutural. Foi, ainda, aplicada em sistemas de proteção de acumulação de gelo nas pás, dadas as suas características térmicas, que permitem uma menor perda de calor.

 

Nos desenvolvimentos mais recentes, temos a possibilidade de usar cortiça em soluções para mobilidade elétrica, nomeadamente como elemento de selagem ou de proteção térmica das baterias elétricas. Esta proteção térmica é extremamente importante do ponto de vista da segurança do equipamento no caso de dano das células no interior da bateria, minimizando os efeitos de uma possível explosão. Neste caso, devem ser realçadas as excelentes propriedades que a cortiça tem em termos de proteção térmica e resistência ao fogo, sendo alguns dos materiais aprovados pela UL 94.

Atualmente, que materiais concorrem com a cortiça?

Dependendo da área de aplicação poderemos encontrar diferentes materiais a competir com a cortiça. No caso da mobilidade elétrica, os materiais mais usados para gestão térmica e selagem são, por exemplo, os silicones esponjados, espumas de poliuretano, bem como materiais cerâmicos (micas). Na área de T&D Transmissão e Distribuição, a cortiça com borracha compete diretamente com outro tipo de borrachas: NBR, SBR, fluorados, entre outros. Na áera da energia eólica temos como principais materiais concorrentes diferentes espumas (PVC, PET) e balsa.

 

Numa comparação direta, quais os principais fatores que distinguem a cortiça desses materiais?

A pegada negativa em termos de carbono é claramente uma das vantagens competitivas do material, sobretudo pelo facto de na área da Energia estarmos a falar de Energias mais amigas do ambiente e, portanto, a cortiça para além de cumprir com todos os requisitos técnicos das diversas aplicações, permite também contribuir para um melhor balanço carbónico dos sistemas onde é aplicada.

Quais as razões que justificam o facto de a cortiça ter ainda uma presença muito tímida no setor da energia?

Se olharmos para o setor da energia nas últimas décadas, verifica-se que se caracteriza pela exploração intensiva de energias fósseis, onde, e embora estivesse presente, a cortiça não tinha nenhum fator que a colocasse como material estratégico.

 

Hoje em dia, a transição energética e o objetivo de neutralidade carbónica acabam por criar condições únicas para um produto como a cortiça, que tem uma pegada de carbono negativa.

Este fator torna-se particularmente importante uma vez que, por exemplo, na União Europeia, já em 2024, está prevista a adoção de medidas regulamentativas para o controlo da pegada de carbono de baterias elétricas no mercado europeu. Este conjunto de medidas cria imediatamente um novo espaço de competição para a cortiça que, em conjunto com a alocação de recursos multidisciplinares, permite antever um crescimento significativo da cortiça neste setor.

Podemos então dizer que, para a Corticeira Amorim, a médio prazo, o setor da energia será uma forte aposta?

Claramente que sim. Hoje a Energia está cada vez mais presente nas nossas vidas, e o nosso olhar sobre o setor passa por ter uma visão integrada da cadeia de valor, e desenvolver materiais que possam ser integrados nas várias etapas e nos vários players dessa mesma cadeia de valor.

Concretizando, podemos analisar a cadeia de valor da Energia numa lógica de Geração, seja ela por via Solar ou Eólica ou Armazenamento, através de baterias usadas em parques solares ou eólicos ou ainda em veículos elétricos, à Distribuição, na área de Transformadores, ou, por fim, numa lógica de Consumo, onde temos, por exemplo, os carregadores Residenciais ou Comerciais.

É um setor que tem um muito forte Why Cork, e onde estamos a tentar construir também um forte Why Amorim. Naturalmente, esperamos que a médio prazo este setor se transforme num dos principais pilares de crescimento da Amorim, tendo para tal vários projetos em curso, tanto na área da Energia Solar bem como da Mobilidade Elétrica.

 

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