Fechar

Escolha o seu idioma ou região

Close

This website content is also available in COUNTRY TO CHANGE.

Arquitetos britânicos criam casa sustentável em cortiça

Cork House: uma casa sustentável e premiada

Cork House é um projeto inovador que usa a cortiça como principal material de construção. Blog

Vencedora do prémio Stephen Lawrence 2019 do RIBA, a Cork House abre caminho para uma arquitetura mais sustentável, através da redução do número de diferentes materiais usados na construção e de um sistema construtivo mais amigo do ambiente.

Uma casa construída quase integralmente em cortiça, com baixas emissões de carbono e cujos componentes são recicláveis no fim do seu ciclo de vida. É esta a proposta de um grupo de arquitetos britânicos para promover a reflexão em torno do impacto da indústria da construção no meio ambiente.

Criada por Matthew Barnett Howland, com Dido Milne e Oliver Wilton, a Cork House encontra-se instalada num jardim privado na cidade de Eton, em Inglaterra. Desde as paredes aos telhados, é construída com blocos de cortiça expandida combinados com madeira, assentes em fundações de aço removíveis. Toda a cortiça usada provém de desperdícios da exploração florestal e da indústria das rolhas e foi fornecida pela Amorim Isolamentos em conjunto com a Amorim Cork CompositesCork Composites, parceira no desenvolvimento do projeto.

  • Sem aditivos ou qualquer outro produto químico

    Os 1.268 blocos sólidos que compõem a casa foram obtidos a partir do aquecimento e compressão de granulado de cortiça sem recurso a aditivos ou qualquer produto químico. Estes blocos foram posteriormente sujeitos a um processo de fresagem 3D por forma a encaixarem uns nos outros, eliminando a necessidade de uso de colas ou cimento durante a construção. O sistema de encaixe e a leveza da cortiça permitiram ainda que a maior parte da casa fosse montada manualmente, sem maquinaria ou mão de obra especializada.

    ©David Grandorge.png

Desacelerar o ritmo das alterações climáticas

A escolha da cortiça como matéria-prima dominante para este projeto inovador prende-se com o facto de se tratar de um material de origem 100% natural, sustentável e reciclável. Estas características possibilitam que, no momento de conclusão da obra, a casa seja carbono-negativa. Absorveu maior quantidade de dióxido do carbono do que aquele que foi emitido durante o processo de construção.

Adicionalmente, quando comparada com projetos de referência compilados pelo Sturgis Carbon Profiling, as emissões totais de carbono ao longo do ciclo de vida da Cork House serão 15% inferiores face às de uma casa nova. Um contributo relevante para a redução dos gases com efeito de estufa, se tivermos em conta que, de acordo com dados da ONU, a indústria da construção é responsável por mais de 30% das emissões globais de carbono. 

Além do seu perfil ecológico, enquanto material de construção, a cortiça apresenta excelentes propriedades isolantes e foi também utilizada neste projeto não só para a estrutura, mas também para acabamentos interiores. Estas são características importantes quando se projetam espaços de habitação e que motivaram também os arquitetos.

“Imagine-se dentro de um espaço protegido por paredes quentes e suaves ao toque. Paredes sólidas de um lado ao outro e que até cheiram bem. Paredes construídas por si a partir de um único material e natural. Uma matéria-prima que cresce nas árvores e que é manualmente colhida, a cada nove anos, sem danificar a árvore e a própria floresta. Uma floresta onde vive uma grande diversidade de animais e plantas, incluindo o lince ibérico, em vias de extinção.  Está numa casa de cortiça: Cork House!"”

Matthew Barnett Howland

  • Interior minimalista e funcional

    A Cork House é composta por cinco blocos intercomunicantes que terminam em telhados em forma de pirâmide com claraboias para ventilação e iluminação natural do interior. Com 44 m2, tem uma cozinha em plano aberto com zona de refeições, uma sala, um quarto, uma casa de banho e ainda um terraço, que faz a transição com o espaço exterior.

    O interior é simples e minimalista, com mobiliário produzido também a partir de materiais reciclados. As paredes, tanto externas como internas, não foram sujeitas a qualquer tipo de revestimento ou acabamento, destacando o visual natural e as propriedades sensoriais da cortiça. Esta opção, a par da não-utilização de colas ou cimento, facilita o processo de reutilização ou reciclagem da estrutura no fim de vida do edifício.

    ©David Grandorge (2).png
  • Vencedor do prémio Stephen Lawrence 2019 do RIBA

    O caráter inovador da Cork House chamou a atenção do Royal Institute of British Architects (RIBA), que lhe atribuiu o prémio Stephen Lawrence 2019. Trata-de de um prémio para talentos da arquitetura experimental, comemorando projetos de construção com orçamento inferior a 1 milhão de libras.

     

    Marco Goldschmied, fundador do prémio Stephen Lawrence, disse: "A Cork House é uma fusão única de métodos de construção dos nossos antepassados com métodos do desenvolvimento técnico de ponta para produzir uma solução altamente inovadora e de baixo carbono, com uma variedade de aplicações, desde construção de edifícios em massa a abrigos de emergência."

    A Cork House foi também um dos seis projetos finalistas da edição de 2019 do prestigiado RIBA Stirling Prize, que anualmente distingue o edifício que contribuiu de forma mais relevante para a evolução da arquitetura britânica, e está nomeado para o RIBA President's Awards for Research 2019.

    No futuro, os arquitetos pretendem investigar um sistema construtivo que permita comercializar a Cork House em kits, passíveis de serem montados pelo consumidor final para construção da sua própria casa.

    ©David Grandorge (1).png
“A cortiça expandida possui uma rara combinação de propriedades relativas ao ciclo de vida de um edifício. É um material bio-renovável puro que é um subproduto de uma paisagem da biodiversidade; pode ser usado para cumprir todas as funções de um edifício, da estrutura ao isolamento respirável, adaptação ao clima, superfície exterior e acabamento interior. Cria um ambiente sensorial rico com um conjunto único de qualidades - suave ao toque, acústica suave, superfície texturizada... e até cheira bem.”

Matthew Barnett Howland

Matthew Barnett Howland

Matthew Barnett Howland é um premiado arquiteto, professor e investigador britânico. Nos últimos anos tem-se dedicado ao estudo da cortiça como material de construção, procurando uma alternativa aos sistemas construtivos convencionais. No projeto da Cork House trabalhou em parceria com os arquitetos Dido Milne e Oliver Wilton, a The Bartlett School of Architecture UCL e várias empresas, entre as quais a Amorim Cork Composites.

Partilhar

Tem interesse em saber mais sobre este tema?

Submeta os seus dados e nós entraremos em contacto consigo.